Prefeito afastado, igreja e contratos de publicidade: saiba o que diz a investigação
A investigação conduzida pela Polícia Federal no âmbito da operação Copia e Cola aponta que o prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), teria sido o principal beneficiário de um esquema de desvio de recursos públicos associado a contratos municipais. Segundo documentos obtidos pela PF e decisões judiciais relacionadas ao caso, o suposto esquema teria usado uma empresa de publicidade em nome da primeira-dama, Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, além de uma igreja ligada à irmã e ao cunhado dela, para dar aparência de legalidade à movimentação de valores suspeitos.
Manga nega as acusações e afirma ser “vítima de perseguição política”.
Estrutura da suspeita
De acordo com a PF, o suposto esquema teria funcionado em duas frentes:
- Uma empresa de publicidade registrada em nome da primeira-dama, que passou a receber valores de terceiros ligados ao núcleo investigado;
- Uma igreja evangélica, identificada como Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada pela irmã de Sirlange, Simone Rodrigues Frate de Souza, a Pastora Simone, e pelo cunhado, bispo Josivaldo Batista.
O desembargador André Nekatschalow, ao analisar os pedidos de afastamento de Manga, descreveu o prefeito como “possível liderança do grupo criminoso e principal beneficiário das supostas práticas ilícitas”.
Os contratos e as movimentações financeiras
A PF relata que, em 2021, a igreja contratou a empresa de publicidade da primeira-dama para serviços de marketing.
Entre fevereiro de 2021 e junho de 2023, foram feitos pagamentos que somam R$ 780 mil.
No mesmo período, uma outra empresa de comunicação já atendia a igreja, o que levantou suspeitas sobre a efetiva prestação de serviço.
O relatório policial afirma que não há evidências de que o trabalho contratado tenha sido realizado. Para os investigadores, o contrato teria sido criado com o objetivo de justificar a transferência de valores.
Dinheiro vivo e depósitos
As suspeitas se intensificaram após a quebra de sigilo bancário da entidade religiosa.
A PF identificou:
- 958 depósitos em espécie,
- Totalizando R$ 1,7 milhão.
Durante buscas realizadas em abril deste ano, agentes apreenderam R$ 903 mil em dinheiro vivo com Simone e Josivaldo, administradores da igreja.
Conexões com o setor privado
A investigação também mapeou pagamentos provenientes do Mosteiro Park, um estacionamento pertencente ao empresário Marco Silva Mott, descrito como próximo ao prefeito.
A empresa da primeira-dama recebeu R$ 448 mil do estacionamento entre 2021 e 2025.
Assim como no caso da igreja, uma outra empresa também prestava serviços de comunicação ao estabelecimento no mesmo período.
Para a PF, esse padrão — pagamento significativo, presença simultânea de outra prestadora e ausência de comprovação robusta de entrega — reforça a hipótese de movimentação destinada à lavagem de recursos.
Simone, Josivaldo e Marco Silva Mott estão presos preventivamente desde a segunda fase da operação.
Defesa e contexto
A defesa de Manga afirma que não há enriquecimento ilícito comprovado, nem ligação direta do prefeito com as movimentações financeiras identificadas, argumentando que o caso seria motivado por disputas políticas e que o afastamento do cargo ocorreu sem condenação.
Até o momento, não há sentença definitiva. A investigação segue em andamento, com análise de dados bancários, contratos, mensagens eletrônicas e oitivas de envolvidos.
A ELTV+ Sorocaba seguirá acompanhando o desdobramento jurídico e político do caso, sempre com base em documentos oficiais, decisões judiciais e manifestações das partes envolvidas.